Exportação brasileira: como economias emergentes estão abrindo novas portas para exportadores brasileiros
- Atlântica Consultoria Internacional
- 19 de ago.
- 4 min de leitura
Por Fernanda Schardong, consultora na Atlântica Consultoria Internacional
Historicamente, o Brasil concentrou grande fatia de suas exportações em parceiros gigantes como a China, os Estados Unidos e a Argentina. A motivação dessa consistência nas relações comerciais entre o Brasil e esses parceiros se dá por uma combinação de fatores estruturais, geopolíticos e econômicos. Por exemplo, a China, com sua expressiva população, é consumidora de commodities agrícolas e minerais que o Brasil produz em larga escala. De forma complementar, a Argentina é uma forte demandante de manufaturados brasileiros, em especial de veículos e máquinas, pela proximidade e integração produtiva no Mercosul.
Em 2024, os dados confirmam essa concentração. O mapa a seguir mostra os principais destinos das exportações brasileiras ao redor do mundo:
Entretanto, uma nova dinâmica global, marcada por transições de poder e realinhamentos estratégicos, abre espaço para economias emergentes. Entre os principais fatores que impulsionam países como destinos promissores para futuras exportações e expansão de relações bilaterais, destacam-se:
Crescimento populacional e aumento da classe média,
Urbanização acelerada e infraestrutura em expansão,
Investimentos estrangeiros diretos e políticas de abertura comercial
Demanda crescente por alimentos, commodities, tecnologia e bens de consumo
Dessa forma, surge a pergunta: por que apostar em economias emergentes?
Destarte, apostar em potenciais parceiros comerciais significa obter uma diversificação de
risco. Isso porque manter dependência em poucos compradores pode vir a deixar o país mais exposto e vulnerável a crises externas, e portanto a obtenção de maior independência atenua o impacto sofrido por esse país na eventual ocorrência de intercorrências sofridas por seus parceiros. Além disso, as ditas “economias emergentes” são mercados em expansão com crescente poder de consumo e com demanda por variados produtos (um complemento essencial às commodities tradicionais).
Abaixo, um gráfico que mostra a evolução das exportações para alguns países emergentes no período de 2015 a 2024.
Gráfico elaborado por Atlântica Consultoria Internacional.
Nesse cenário, é possível destacar alguns dos casos de alto potencial para as exportações brasileiras. O primeiro deles é o Vietnã, pela economia industrial crescente, por ser um mercado consumidor em expansão e por ter firmado acordos de livre comércio com diversos países. O fluxo comercial entre Brasil e Vietnã atingiu recorde em 2024: US$ 7,7 bilhões, com saldo positivo de US$ 405 milhões para o Brasil (GOV BR, 2025). Já a Indonésia, outro país asiático, destaca-se por ser o quarto país mais populoso do mundo, com grande demanda por alimentos e produtos agrícolas. A parceria estratégica entre Brasil e Indonésia foi reforçada em 2025, especialmente em questões sanitárias, agrícolas e na segurança alimentar global (GOV BR, 2025). A cooperação em medidas sanitárias facilita o fluxo de produtos agrícolas — um passo importante para expandir exportações brasileiras ao país.
Apesar do potencial expressivo, ingressar em economias emergentes exige atenção a desafios que podem impactar diretamente a competitividade. Barreiras culturais, como hábitos de consumo e preferências locais, demandam a adaptação de produtos e estratégias de marketing para atender às expectativas do público. A logística, por sua vez, pode ser mais complexa, seja pelo alto custo do frete internacional, seja por limitações na infraestrutura portuária ou rodoviária desses países. Além disso, fatores como instabilidade política, variação cambial e a presença de regulações sanitárias e fitossanitárias rigorosas impõem cuidados adicionais, exigindo que o exportador invista em certificações e acompanhe constantemente mudanças nas regras.
Para superar esses obstáculos, é fundamental adotar estratégias práticas. A participação em missões comerciais e feiras internacionais, por exemplo, é uma facilitadora na criação de redes de contato e a compreensão do mercado-alvo. Já o uso de plataformas digitais de comércio exterior pode ampliar a prospecção de clientes, enquanto linhas de crédito e programas de apoio ajudam a financiar e viabilizar operações. Por fim, estabelecer parcerias locais e aproveitar acordos comerciais existentes pode reduzir barreiras de entrada e acelerar o processo de inserção nesses novos destinos.
Em conclusão, apesar do destaque descrito sobre as oportunidades no Vietnã e na Indonésia, é fato que diversos mercados emergentes apresentam alto potencial para exportadores brasileiros — combinando crescimento econômico, abertura comercial e demanda variada. Embora existam desafios, a diversificação de mercados pode trazer resiliência e novas oportunidades, parcerias estratégicas que, apesar de seu risco calculado, possuem alto potencial de retorno, e em muito podem beneficiar o setor exportador brasileiro. No comércio exterior, estar à frente de concorrentes pode ser o diferencial que define quem constrói pontes firmes e duradouras.
REFERÊNCIAS
Brazil, Vietnam officially launch Action Plan for 2025-2030. GOV BR, 2025. Disponível em:
Comunicado Conjunto entre a República Federativa do Brasil e a República da Indonésia
sobre o Fortalecimento da Parceria Estratégica Brasil – Indonésia. GOV BR, 2025. Disponível em:
FERNÁNDEZ, Virginia Laura; CURADO, Marcelo Luiz. Matriz de Competitividade e o
papel dos mercados emergentes nas exportações argentinas e brasileiras. Economia e
Sociedade, 2019. Disponível em:
Saiba quem são os 10 maiores parceiros comerciais do Brasil em 2025. Valor Econômico,
2025. Disponível em:
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